terça-feira, 22 de abril de 2014

reviravolta

ALIANÇA MORTAL

Em seu novo filme Van Damme consegue se destacar do outro da lado da lei



  Ao que parece o ex-astro Jean Claude Van Damme gostou da idéia de interpretar vilões depois de ter sido um no sucesso Os Mercenários 2 (The Expandables 2, 2012) além de parodiar a si próprio como fez em JCVD (2008) e no recente Bem Vindo à Selva (Wellcome to the jungle, 2013). Em sua fase pós-estrelato o lutador e ator belga vem fazendo filmes até mais interessantes do que fazia na década de 90 e está se reinventando de forma surpreendente embora nunca tenha sido bom ator. Entretanto, o ator já interpretara vilões no passado como no mediano Retroceder Nunca, Render Jamais (No Retreat, No surrender, 1986), no fraquíssimo filme Contato Mortal (Black Eagle, 1988) e no também fraco Replicante (Replicant, 2001). 
   Enemies Closer que no Brasil recebe o título de Aliança Mortal traz a história de Henry (Tom Everett Scott), um ex-agente das Forças Especiais que atualmente exerce a função de guarda-florestal em uma reserva que faz divisa entre EUA e Canadá. Henry faz seu trabalho com bastante competência e não costuma deixar passar nada despercebido em sua área de vigilância até que numa noite qualquer recebe a inesperada visita de Clay (Orlando Jones), um sujeito que aparentemente é um viajante perdido buscando orientação, mas logo revela ser um perigoso visitante ao fazer Henry de refém após ser acolhido por ele.

Henry
 
Clay
Na verdade Clay chegou ali não por mero acaso e sim para vingar a morte de seu irmão que serviu nas Forças Especiais tendo trabalhado junto com Henry, e Clay o julga culpado, pois acredita que ele deixou seu irmão para trás durante uma missão arriscada se recusando a salvá-lo. Entretanto, o acerto de contas entre Clay e Henry em poucos minutos é interrompido, porquê uma quadrilha de traficantes está passando  pelo local seguindo uma rota de fuga, e para tal, solicitam a ajuda de Henry. Aí é que se dá a aliança mortal sugerida pela título sendo que o único modo de ambos sobreviverem é unindo forças, pois é óbvio que os traficantes não os deixarão vivos mesmo que Henry colabore com eles.


   Os criminosos são liderados por Xander, um sujeito metódico e cruel, mas ao mesmo tempo hilário e com uma aparência de maluco ou aloprado nesta que pode ser considerada a melhor ou talvez a única interpretação digna de elogios que Van Damme conseguiu fazer em toda sua carreira até o momento. E o surtado vilão do ator belga realmente se destaca no decorrer de todo o filme e conduz a trama à momentos de tensão e boas surpresas ao longo da caçada que se passa decorrer de uma noite.



Peter Hyams
  O diretor Peter Hyams volta a dirigir o ator belga após muitos anos, pois o cineasta novaiorquino o dirigiu nos filmes Timecop - O guardião do tempo (1994) e Morte Súbita (Sudden Death, 1995), sucessos da década de 90, época de estrelato de Van Damme. Hyams conduz a ação com bastante precisão e talento sendo um dos poucos diretores que não utiliza o péssimo recurso de câmera tremida, tão comum no cinema moderno e tampouco faz edição picotada e cheia de cortes, ou seja, Hyams deixa a câmera fixa para que visualizemos a ação de modo fluído e dinâmico.


  Entretanto há algo que pode incomodar fãs de artes marciais, pois em (quase) todas as cenas de luta ocorre um golpe de jiu-jitsu, o que por vezes causa estranheza dando a impressão que todos os personagens tem conhecimento desta luta marcial. Ainda assim as cenas físicas nada deixam a desejar, por sinal lutas muito bem coreografadas para compensar uma produção de orçamento bem modesto, cerca de US$ 5 milhões, além do ótimo roteiro de Eric Bromberg e James Bromberg e ainda assim é uma pena que tenha sido lançado diretamente em vídeo. Enfim, Aliança Mortal é o itinerário certo para quem busca ação rápida e eficiente conduzida por um elenco afiado e ainda com a surpresa de apreciar uma ótima atuação do mítico ator belga.

TRAILER



Aliança Mortal (Enemies Closer, 2013)

Direção: Peter Hyams

Roteiro:Eric Bromberg e James Bromberg


Elenco:Jean Claude Van Damme, Tom Everett Scott, Orlando Jones, Linzey Cocker, Kristopher Van Varemberg, Zahary Baharov, Jonas Talkington


  

sexta-feira, 18 de abril de 2014

ação patriótica

CAPITÃO AMÉRICA II 

 O SOLDADO INVERNAL

Segundo filme do herói patriótico dá prosseguimento à saga atraindo mais fãs às salas de cinema


  Finalmente estreou há 1 semana o filme mais aguardado da Marvel para este ano. Capitão América 2, o terceiro filme pós Vingadores vem atraindo grande público e surpreendeu em sua estréia nos EUA arrecadando US$ 94 milhões no primeiro fim de semana, maior valor alcançado para um filme lançado no mês de abril. No Brasil atraiu cerca de 1,1 milhão aos cinemas no último fim de semana, o que leva a crer que já é um dos filmes mais vistos este ano e de acordo com vários blogs, revistas e fóruns de discussão a segunda aventura do herói patriótico é o melhor filme lançado até a agora pela Marvel Studios.

  Desta vez comandado por dois diretores, Joe Russo e Anthony Russo, o roteiro assinado por Christopher Markus e Stephen McFeely traz Steve Rogers (Chris Evans) como um agente da S.H.I.E.L.D. e adaptando-se ao mundo moderno depois de seu longo sono de 70 anos. Logo no início, o Capitão Rogers é enviado junto com a Natasha Romanoff (Scarlett Johansson) em uma arriscada missão para resgatar passageiros de um navio sequestrado em alto mar, onde o herói travará um rápido confronto com o terrorista francês conhecido como Batroc - por sinal as sequências de ação no navio são as melhores do filme inteiro.
  As circunstâncias da missão geram dúvidas na mente de Rogers que cada vez mais questiona as ações da Shield e suas relações com o governo norte-americano. Cada vez mais Rogers não sabe se deve confiar nas pessoas que o cercam, seja Nick Fury (Samuel L. Jackson) ou até mesmo Natasha, ou seja, o super soldado sente-se cada vez mais sozinho no "novo" mundo no qual ele despertou, o que fica mais evidente quando ele visita Peggy Carter, sua antiga paixão da época da Segunda Guerra, e que se encontra adoentada num leito de hospital.

  Segredos obscuros da Shield vão surgindo ao longo da trama na misteriosa figura de Alexander Pierce, um dos diretores da agência interpretado pelo mito Robert Redford e a aparição de um poderoso inimigo conhecido apenas como Soldado Invernal traz à tona revelações perturbadoras da H.I.D.R.A., a temível organização de raízes nazistas criada pelo Caveira Vermelha conforme visto no filme anterior.



  O Soldado Invernal, personagem que dá nome à famosa HQ publicada nos anos 90 desponta na ação de Capitão 2, pois o misterioso assassino que mais parece uma máquina de matar possui as mesmas habilidades de Rogers, força e velocidades redobradas e ainda um braço mecânico que o torna praticamente indestrutível.



  Apesar de bem dirigido pelos irmãos Russo, há inevitáveis exageros nas cenas físicas, pois apesar de ser uma aventura de super-herói é muito estranho ver um Capitão América pular mais de 10 andares de um prédio e aterrisar no chão sem se machucar ou ainda desviar de tiros de metralhadora - afinal, ele é um do herói bem humano e não um ser indestrutível ainda que seja um super soldado. Os cenários são primorosos ainda que alguns sejam feitos digitalmente como o aéro-porta-aviões da Shield. O personagem Falcão, melhor amigo de Rogers nas HQ´s, interpretado pelo ator Anthony Mackie destaca-se nos melhores momentos do longa dando vôos rasantes com suas asas mecânicas.



 A trama de espionagem bem articulada com argumentos de conspiração política faz lembra os grandes thrillers de espionagem do passado o que garante muita qualidade ao roteiro, especialmente pela presença de Robert Redford que já estrelou tramas de fundo político como Todos os Homens do Presidente (All the President´s Men, 1976) ou Três dias do Condor (Three days of the Condor, 1975). Esses são motivos que tornam Capitão 2 uma das melhores sequências de franquias da Marvel, e um dos melhores filmes do estúdio até o momento.

TRAILER




Capitão América - o Soldado Invernal (Captain América - The Winter Soldier, 2014)

Roteiro:Christopher Markus e Stephen McFeely

Direção: Anthony e Joe Russo

Elenco: Chris Evans, Scarlett Johansson, Samuel L. Jackson, Robert Redford, Anthony Mackie, Emily VanCamp, Frank Grillo


terça-feira, 15 de abril de 2014

ação vs horror

FÚRIA SILENCIOSA

Há pouco mais de 30 anos Chuck Norris estrelava seu filme mais estranho e surpreendente


  Em abril de 1982 estreava nos cinemas o filme provavelmente mais diferente ou até bizarro do então astro Chuck Norris, Fúria Silenciosa (Silent Rage), o que não significa que seja ruim, muito pelo contrário, pois foi um sucesso do então astro que se destacava cada vez mais nas bilheterias. O roteiro traz uma série de assassinatos misteriosos, experiência genética e um xerife preocupado em encontrar o tal assassino que nem parece ser humano - e tudo isso ambientado numa pequena cidade do Texas!!!
  O estranho enredo descrito no parágrafo àcima pertence ao roteiro escrito com certa engenhosidade por Joseph Fraley, e a direção segura de Michael Miller rende ótimos momentos de tensão e suspense numa trama que ainda oferece contornos de ficção científica, algo incomum ou até mesmo impensável para um filme estrelado por Norris.

  A trama segue a história de John Kirby, um rapaz que apesar de levar uma vida aparentemente normal, sofre com um sério problema de distúrbio mental e faz tratamento psiquiátrico com o doutor Tom Halman interpretado pelo saudoso Ron Silver. Num dia qualquer, Kirby sente uma estranha sensação, seu medicamento acabou e ele tenta desesperadamente fazer uma ligação para o seu médico. Porém, a sensação foge do controle e Kirby parece surtar repentinamente e movido por uma fúria inexplicável, pega um machado no quintal de sua casa e mata um vizinho e logo em seguida a mulher da pensão em que ele mora.



Dr. Halman
  O xerife Dan Stevens (Norris) chega rapidamente ao local junto com seu jovem ajudante para atender a ocorrência, depara-se com o surtado maníaco e entra em confronto com o mesmo - após Kirby ser colocado algemado dentro da viatura, ele consegue arrebentar as algemas de forma inexplicável e ataca violentamente os guardas, mas logo é alvejado a tiros no peito e levado às pressas ao hospital para ser operado com urgência... e é aí que o roteiro  ganha ares de ficção científica, pois após o pequeno grupo de médicos tentar salvá-lo da morte certa, Dr. Philip Spires (Steven Keats) sugere a aplicação de um composto chamado Mitogen-35 ainda que a contragosto do Dr. Halman que também acompanha a cirurgia e considera tal idéia anti-ética, pois o composto nunca foi testado num ser humano.






 O pobre John Kirby torna-se então cobaia do experimento e gradativamente seu organismo se recompõe e sua vida, restaurada - o jovem psicótico começa a sair às escondidas do laboratório e a cometer assassinatos para o desespero do xerife Stevens, pois ele terá de enfrentar não apenas um maníaco doente, mas um assassino geneticamente modificado, em outras palavras um mutante, e suas habilidades marciais talvez não sejam suficientes para tal adversário que mais parece um Frankenstein moderno.

Chuck versus Frankenstein?

  O roteiro obviamente pega carona em sucessos de horror da época e a referência mais direta é Halloween (1978) de John Carpenter, e o vilão John Kirby lembra bastante o mascarado Michael Miers, que aparentemente também é um desequilibrado mental que mesmo tendo tratamento psiquiátrico torna-se um assassino frio e sub-humano. Por sinal Halloween II - O pesadelo continua, foi lançado em 1981, portanto 1 ano antes de Silent Rage. Também é interessante notar uma cena em que John Kirby quebra uma porta a machadadas ao perseguir uma mulher e a observa pelo rombo da porta, muito parecida com uma cena do terror O Iluminado (1980) de Stanley Kubrick, o que pode ser uma inspiração além da assustadora atuação do ator Brian Libby no papel de Kirby.



   O longa de orçamento um tanto modesto, US$ 4,5 milhões foi muito bem nas bilheterias estadunidenses fazendo cerca de US$ 10,490 milhões segundo consta no IMDB. Nada mal para o primeiro filme de suspense  ou terror estrelado por Chuck Norris e também pode se dizer que é o primeiro filme com argumento de ficção científica de um astro de ação oitentista, ou seja um pouco antes de O Exterminador do Futuro (Terminator, 1984) e muito antes de Cyborg - O dragão do futuro (Cyborg, 1989). Nada mal também para o diretor Michael Miller que no mesmo ano dirigiu a comédia de sucesso A Reunião dos Alunos Loucos (Class Reunion, 1982), embora depois tenha dirigido apenas filmes televisivos. Fúria Silenciosa já foi exibido várias vezes na tv aberta, mas deve ser visto em dvd ou blu-ray para uma melhor degustação e para ser descoberto por novos públicos que desconhecem esse cult.

TRAILER



Fúria Silenciosa (Silent Rage, 1982)

Roteiro: Joseph Fraley

Direção: Michael Miller

Elenco: Chuck Norris, Brain Libby, Ron Silver, Steven Keats, Stephanie Dunnam, Joyce Ingle


sábado, 12 de abril de 2014

faroeste brasileiro

SERRA PELADA

Filme brasileiro retrata busca do ouro regada a sangue e traição


 O território conhecido como Serra Pelada foi o maior garimpo a céu aberto do mundo, localizado na cidade de Curionópolis, interior do Pará, bem próximo da floresta amazônica. Pessoas de várias partes do país e até de países vizinhos se aventuraram pela região no início da década de 1980 atraídas por riqueza e prosperidade. O filme dirigido e roteirizado por Heitor Dhalia mostra a trajetória de Juliano e Joaquim, amigos desde a infância que se aventuram pelo inóspito território que em pouco tempo descobrem ser uma terra sem lei. 
  O roteiro fictício apresenta uma trama muito bem construída e encabeçada por Juliano Cazarré no papel de Juliano, um sujeito despojado e de aparência física forte, e seu amigo Joaquim vivido por Júlio Andrade, sujeito magrela e aparência frágil, porém metódico e muito inteligente, pois é um professor. Os amigos unem forças no trabalho, cada um com seus objetivos, Joaquim especialmente quer cumprir a promessa que fez à esposa de voltar para casa rico e dar uma vida melhor à ela e sua filha. Juliano por sua vez parece não ter um norte exato na vida, a não ser a riqueza, algo que poderá ser a ruína de sua vida no decorrer da narrativa.



  Inevitavelmente Serra Pelada é um verdadeiro faroeste brasileiro, pois a busca por riquezas numa terra inóspita onde impera a lei do mais forte é o fio condutor da trama que mostra uma gradual transformação (ou revelação) de seus personagens movidos por sonhos ou apenas cobiça como pode ser visto na ganância que todos expressam em querer a todo custo delimitar sua própria área de garimpo, o que ocasionou em vários conflitos e mortes sem nenhuma intervenção do governo naquela época de ditadura militar. E quase toda a região do garimpo era dominada e controlada por coronéis como o traiçoeiro Lindo Rico, interpretado de forma um tanto hilária por Wagner Moura.


  A trama também destaca o trabalho de mulheres, que não eram necessariamente garimpeiras, mas prostitutas e dançarinas de boate e como é dito em off no início da narrativa, algumas enriqueceram ganhando dinheiro de garimpeiros que gastavam tudo com elas ou ainda mulheres que tinham a sorte de se envolver com os poderosos coronéis da região, como se pode ver na história de Tereza, vivida por Sophie Charlotte, amante do coronel Miranda, interpretado por Matheus Nachtergaele.


  Traições, emboscadas e perseguições moldam a ação do longa tanto quanto o ótimo elenco que preenche a tela satisfatoriamente embora a cena de luta apresente uma quebra de rítimo devido à edição cheia de cortes que Dhalia utilizou e também as demais cenas físicas são bem executadas embora filmadas com câmera tremida.



  O longa orçado em 8,4 milhões de reais tem uma bela fotografia composta de tons que variam do marrom ao amarelo dando um aspecto levemente dourado e bem empoeirado representando fielmente o aspecto sujo da terra do ouro cujas filmagens ocorreram em Mogi das Cruzes no interior de São Paulo num cenário visualmente bem parecido com a Serra Pelada da década de 80,  e as imagens reais de arquivo jornalístico da época inseridas cuidadosamente no filme completam o visual da película. 
  O filme exibido em outubro de 2013 nos cinemas, também foi transmitido em janeiro último na TV aberta pela rede globo em formato de minissérie em capítulos curtos, mas obviamente fica melhor apreciado nos formatos digitais para o público não correr o risco de perder nenhum momento de uma valiosa embora pequena saga do ouro. 
  
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Serra Pelada (Brasil, 2013)

Direção:Heitor Dhalia

Roteiro:Vera Egito, Heitor Dhalia 

Elenco:Juliano Cazarré, Júlio Andrade, Sophie Charllote, Matheus Nachtergaele, Wagner Moura,Lyu Arisson, Jesuíta Barbosa