quinta-feira, 21 de maio de 2015

caos revisitado

MAD MAX - ESTRADA DA FÚRIA

Após 30 anos, o guerreiro da estrada ressurge nas telas do cinema para a caçada mais brutal dos últimos tempos


 "O futuro pertence aos loucos", é o que diz a tagline de um dos cartazes de Mad Max - Estrada da Fúria (Mad Max - Fury Road, 2015), que estreou no dia 14 deste mês e vem alcançando números expressivos em todo o mundo e também nas bilheterias brasileiras de modo que já foi assistido por cerca de 700 mil espectadores. Ao que parece a "loucura" futurista novamente comandada por George Miller está contagiando as platéias e não é para menos, pois trata-se do retorno da franquia australiana que se tornou uma das obras mais relevantes da recente história do cinema nesses últimos 30 anos. 
George Miller
  Roteirizado por Miller, Brendan McCarthy e Nick Lathouris, Mad Max - Fury Road traz de volta o ex-policial rodoviário Max Rockatansky, cuja origem já contada no filme de 1979 estrelado por Mel Gibson não precisa ser recontada aqui. Fury Road traz o personagem já conhecido e logo no início Max foge de perseguidores que querem se apossar de seu possante carro V8 e o querem como prisioneiro, pois sendo um sujeito saudável ele poderá ser usado como "bolsa de sangue" para algum dos garotos guerreiros de uma tribo comandada por Immortan Joe, venerado como uma espécie de semi-deus tanto por seus jovens guerreiros quanto pelo pelas minorias subjugadas.

Os garotos de guerra são chamados de kamicrazys, uma óbvia
referência aos kamikazes, os soldados japoneses da Segunda Guerra mundial
  Como se pode claramente notar pela breve descrição do parágrafo anterior, o futuro pós apocalíptico criado por George Miller há mais de 30 anos ressurge mais distópico do que nunca trazendo novamente gangues de saqueadores disputando gasolina e água num mundo onde já não existe mais ordem social ou sistema econômico, regimes políticos e nem mesmo religiões, já que as minorias (o que resta de população) não vêem outra saída de salvação a não ser venerar e seguir ordens de alguém que tenha poder de liderança, e aqui o líder dominante e o grande vilão é Immortan Joe, uma figura sinistra e distorcida que respira por um espécie de balão de oxigênio fixado às suas costas e usa uma armadura para proteger sua pele maltratada por bolhas e feridas, além de ostentar uma estranha máscara que parece ser feita com dentes de cavalo. O vilão é interpretado por Hugh Keays-Byrne, ator que no filme de 1979 interpretou o vilão Joe Toecutter. 

 Immortan Joe é venerado como um deus e pai por seus guerreiros seguidores que
crêem que ele os encaminhará ao Valhalla, termo emprestado da mitologia nórdica
para designar o paraíso. 
  Imperator Furiosa, guerreira de confiança de Immortan Joe é designada para a missão de buscar suprimentos em locais distantes, mas Furiosa a bordo de um poderoso caminhão tanque desvia-se da rota para executar um outro plano: fugir junto com as garotas que são noivas de Joe, para um local conhecido como vale verde, na esperança de escaparem dos domínios do tirano e começarem uma nova vida longe do caos em que se encontram. Ao perceber a fuga, Joe e seus guerreiros iniciam uma brutal perseguição pelo infinito deserto a fim de punir Furiosa e resgatar suas noivas vividas pelas  belas atrizes Rosie Hutington Whiteley, Riley Keough, Abbey Lee e Zoe Kravitz. 


  Além do retorno de Max Rockatansky, agora interpretado pelo astro em ascenção Tom Hardy, o filme surpreende ao exaltar a figura feminina de uma forma nunca mostrada na franquia original, de modo que Charlize Theron torna-se a estrela do longa ao encarnar Furiosa com uma vigorosa interpretação que o público certamente não esperava, principalmente os fãs da franquia original, o que vem gerando polêmicas a respeito do filme, inclusive com boatos que sugerem boicote. Entretanto convém observar que por mais valente que seja, Imperator Furiosa dificilmente conseguiria fugir de modo eficiente e até mesmo sobreviver sem a ajuda de Max, o que fica mais evidente ao longo da narrativa.


  Concebido como um faroeste pós-apocalíptico agregando as idéias da franquia original, Estrada da Fúria é sem dúvida o melhor filme de Miller até o momento e provavelmente o melhor filme da história do cinema australiano. O infinito deserto da Namíbia (África do Sul), local onde foram gravadas todas as cenas de perseguição, enriquece grandemente a fotografia retratada por John Seale com tons alaranjados que contrastam com o marrom levantado pela poeira das perseguições.


  O espetáculo das perseguições é belo e ao mesmo tempo brutal, protagonizado por dublês e atores em coreografias malabarísticas e pela grande frota de carros e caminhões sucateados e transformados em verdadeiras máquinas de guerra, graças à velha tecnologia do século XX, que é tudo o que se pode chamar de avançado neste futuro devastado. A ação belamente filmada por Miller constitui uma verdadeira lição para o cinema físico atual ao empregar longas tomadas que mostram detalhadamente tudo o que ocorre em cena com direito a várias capotagens seguidas de explosões, tudo real e sem uso (ou o mínimo) de efeitos de computação - inclusive, o CGI foi minimamente utilizado ao longo do filme para mostrar o braço mecânico de Furiosa e também a cena da tempestade de areia.


 Orçado em torno de US$ 150 milhões o novo Mad Max é um espetáculo imperdível em todos os sentidos e também uma obra fílmica inovadora tanto quanto a franquia original, mais uma vez demonstrando o talento inigualável do australiano George Miller que dirigiu poucas coisas além de sua obra futurista. Assim como ocorreu com o primeiro Mad Max de 1979, torçamos para que Estrada da Fúria seja apenas o início de mais uma saga surreal, louca e bela em todos os sentidos. E  sempre abençoada seja a loucura de Miller.  (R.A.)

TRAILER


Mad Max - Estrada da fúria (Mad Max - Fury Road, 2015)

Roteiro: George Miller, Brendan McCarthy e Nick Lathouris

Direção: George Miller
Elenco: Tom Hardy, Charlize Theron, Hugh Keays-Byrne, Rosie Hutington Whiteley, Riley Keough, Abbey Lee e Zoe Kravitz


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