quinta-feira, 16 de junho de 2016

dossiê: super poderes

FILMES SUPER-HERÓICOS: Parte 1



A trajetória da Marvel na TV e no cinema

   


  Marvel Comics, uma das maiores editoras de histórias em quadrinhos dos Estados Unidos e uma das mais populares do mundo encanta gerações de leitores há cerca de 70 anos tendo sido fundada no ano de 1939 com o nome de Timely Comics e no ano seguinte, 1940 rebatizada como Marvel Comics atravessou mais da metade do século XX com seus inúmeros personagens e diversos super-heróis para cumprir a dura missão de divertir milhares de pessoas em todas as partes do mundo que se converteram em legiões de fãs em sua maioria jovens, mas sem deixar de conquistar o público adulto, pois a verdadeira diversão  não tem idade definida.

  Inicialmente a editora Timely Comics publicava revistas de faroeste com estórias mais comuns e personagens menos fantasiosos ou mais próximos da realidade como por exemplo Apache Kid. Tendo surgido um pouco antes da Segunda Guerra, evento que sucedeu a grande depressão econômica norte-americana, é compreensível deduzir que personagens de histórias fantásticas foram uma perfeita válvula de escape para boa parte do público a fim de contrapor o clima de insatisfação e insegurança no qual a população mergulhara devido à inquietações políticas e sociais bem como quebra da bolsa de valores de 1929, o que gerou alto índice de desemprego e queda de poder aquisitivo, mas o que restava porém, especialmente ao publico mais jovem era a diversão simples proporcionada pelas revistas em quadrinhos ou comic book´s em geral com preços bem acessíveis por serem publicações populares.

Stan Lee, Jack Kirby e Steve Ditko foram os grandes idealizadores do universo
Marvel. Lee o criador dos personagens e Kirby e Ditko, os desenhistas

A primeira adaptação

  A relação da editora Marvel com o cinema á mais antiga do que possa parecer. Embora muitos pensem que as primeiras produções em filmes foram as séries de TV do Hulk e do Homem-Aranha, o primeiro personagem a ganhar uma adaptação para as telas do cinema foi o Capitão América com estréia em 1944. Tratava-se de um seriado de aventuras composto de episódios curtos (cerca de 15 minutos) e em sequência como numa mini-série. Naquela época, provavelmente o seriado era exibido nos cinemas em sessões matinê, bem como vários seriados de faroeste como Roy Rogers e Tom Mix , que faziam tanto sucesso numa época em que ainda não existia a TV.



Cartaz da aventura de
estréia do herói.
  Contudo, a produção em questão era levemente inspirada no herói originalmente criado por Joe Simon e Jack Kirby de modo que apenas o visual do personagem foi mantido, mas sua identidade e o enredo de suas estórias foi totalmente alterado distanciando-se das HQ´s. Produzido pela Republic Pictures, a produção era estrelada por Dick Purcell  que interpretava o Capitão América cujo nome era Grant Gardner, e não era um super-soldado como nos quadrinhos, mas um promotor de justiça e um combatente do crime e ao invés do escudo utilizava uma arma de fogo como faz todo agente da lei.
  O enredo das aventuras não tinha nada a ver com a Segunda Guerra Mundial, portanto não havia nazistas e o arquiinimigo do Capitão era intitulado Escaravelho e utilizava inventos tecnológicos para por em prática seus planos mirabolantes. A produção foi muito bem aceita pelo público tornando-se a primeira adaptação de sucesso inspirada em um personagem da editora Marvel.


Adaptações para a TV
  Por volta da década de 1960, quando surgiram os vários super-heróis tais como Hulk, Homem de ferro, Homem Aranha, Thor e vários outros criados por Stan Lee, o sucesso de vendas impulsionou a idéia de adaptar os personagens para outra mídia a fim de conquistar novos públicos. E assim surgiram as primeiras animações feitas para a TV, mas que eram nada mais do que as artes originalmente desenhadas por artistas de quadrinhos como Jack Kirby e eram capturadas diretamente das páginas das revistas e adaptadas ao formato de vídeo. Entretanto, os desenhos permaneciam estáticos como nas páginas desenhadas de modo que a animação era apenas nos movimentos dos olhos, algo sutil e bem limitado, mas já era um passo inicial para produções televisivas sobre super-heróis.







  Em 1977 Homem Aranha estreava sua primeira versão live action num filme que chegou a ser exibido nos cinemas e deu origem a uma série de TV sem muito sucesso com apenas 13 episódios divididos em 2 temporadas exibidas entre 1978 e 1979. A série produzida pela Charles Fries Productions era estrelada por Nicholas Hammond, ator norte-americano que teve uma participação em A Noviça Rebelde (1965) e posteriormente algumas participações em outras séries de TV como 20 Mil léguas submarinas e Flipper.




   Em 1978 a Marvel atingira o seu momento máximo na TV com a estreia de O Incrível Hulk, a adaptação fílmica de maior sucesso da editora até então e um dos maiores sucessos da história da TV norte-americana tendo rendido altos índices de audiência de modo que o gigante verde dos quadrinhos tornou-se o personagem mais popular da editora naquele momento e sem dúvida até hoje o sucesso do herói esmeralda junto ao público é originário desse seriado estrelado por Bill Bixby, que interpretava David Bruce Banner, o cientista que devido ao acidente com raios gama se transformava em momentos de raiva no gigante verde interpretado pelo fisiculturista Lou Ferrigno.


  Assim como ocorreu com Homem Aranha, o episódio piloto que conta a origem do herói foi exibido nos cinemas dando origem posteriormente ao seriado de enorme sucesso que chegou a prêmios Globo de ouro de melhor ator para Bixby e melhor série de TV. A série produzida por Kenneth Johnson durou 5 temporadas (1978 a 1982) e ainda teve como complemento três longa metragens televisivos: O Retorno do Incrível Hulk, O Julgamento do Incrível Hulk e A morte do Incrível Hulk.


  No final dos anos 70, a Marvel continuou apostando em produções televisivas e acreditando no potencial de outros de seus personagens, em 1978 o escolhido da vez foi Dr. Estranho, o herói místico que domina as artes da magia. O filme foi então produzido pela MCA e assim como ocorreu Homem-Aranha e Hulk, a proposta era de que o longa metragem também desse origem a uma série de TV, o que infelizmente não ocorreu já que a produção estrelada por Peter Hooten e dirigido por Philip Deguere resultou em um filme tão estranho quanto o nome do personagem com um elenco apenas razoável e embora sombrio apresentava um clima pesado demais para uma adaptação de quadrinhos.
   Em 1979 o herói patriótico também ganhou adaptação para a TV em dois filmes produzidos pela emissora CBS: Capitão América e Capitão América II, ambos estrelados por Reb Brown, ator de filmes B que já atuou em vários filmes televisivos e ostentava uma forma física adequada para viver o personagem. O herói bandeiroso tem um retrato um pouco distante das histórias em quadrinhos e um visual não muito fiel utilizando um capacete com asas desenhadas ao invés da máscara de capuz além de um escudo extremamente tosco que parece ser feito de ... plástico. Contudo havia algumas coisas bacanas como a moto que o herói utilizava para perseguir os vilões em alta velocidade e até mesmo uma asa delta.



Em 1990 o herói bandeiroso ganhou uma versão de cinema
dirigida por Albert Pyun bem mais fiel aos quadrinhos
do que as versões anteriores.

  Na década de 90 a Marvel voltaria a apostar em novas experiências televisivas apresentando personagens diferenciados para o grande público e o resultado foi uma adaptação experimental de X-men num filme intitulado Geração X, produção de 1996 dirigida por Jack Shoulder e estrelada por um elenco nada conhecido, bem como os heróis mostrados no filme também não são dos mais conhecidos da escola de mutantes: Banshee (Jeremy Hatchford), Rainha Branca (Finola Hughes), Jubileu (Heather McComb) e mais alguns jovens alunos que se reúnem para enfrentar o vilão cientista Russel Trask.

   Dois anos mais tarde estreava (possivelmente) o último filme televisivo da Marvel, Nick Fury: Agente da S.H.I.E.L.D., produção de 1998 dirigida por Rod Hardy e estranhamente estrelada por David Husselhoff, o astro do seriado oitentista A Super máquina fez uma interpretação nada convincente do agente Nick Fury nesse que pode ser considerado o filme mais tosco já feito para a TV ostentando os efeitos visuais mais precários que se possa imaginar para a idéia proposta. Nem mesmo o roteiro escrito pelo talentoso David Goyer conseguiu dar alguma dignidade ao filme do agente caolho que encara a dura missão de salvar o mundo da ameaça neo-nazista da organização Hidra.
  De todo modo, a Marvel moldou seu universo nas telas da TV ao longo de décadas fosse para o amor ou ódio dos fãs em relação a maioria destas adaptações que serviram de mera diversão para um público menos exigente e de modo despretensioso. Em meio a idéias boas e outras nem tanto, a jornada de muitos icônicos personagens já estava iniciada... e o percurso mais adiante seria longo e tão brilhante do que se poderia imaginar, mas este é um assunto para a próxima parte deste super dossiê. (R.A.)





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