quinta-feira, 14 de julho de 2016

relatório: westerns

DE TIRAR O CHAPÉU...

Hora de lembrar de alguns faroestes clássicos que marcaram para sempre a história do cinema


  Quando se fala em faroestes ou westerns logo vem à memória de todo bom cinéfilo e amante deste gênero a imagem de Monument Valley, no estado norte-americano de Arizona, como na fotografia àcima além de outras belas paisagens extensas chamadas de pradarias, campos por onde muitos personagens cavalgaram ao entardecer após terem vivido incríveis aventuras. E tais estórias ficaram eternamente retratadas em filmes que praticamente nasceram clássicos a ponto de definir o gênero em questão e também desenhar de forma considerável a história do cinema. 
  Aproximadamente desde a década de 50 até finais dos anos 70, o faroeste encantou gerações e lançou astros que se tornaram mitos do cinema tanto quanto diretores, logo chamados de mestres por retratarem sua paixão pela época colonial norte-americana em filmes que beiram a perfeição dada a estética apurada do olhar desses cineastas que elevaram este gênero ao nível de arte e contribuíram para os moldes do cinema em todos os tempos.
  Inúmeros diretores como John Ford e Sergio Leone só para citar como exemplos dentre tantos cineastas, enriqueceram as telas do cinema mundial com obras fílmicas que hoje são clássicos obrigatórios para todo cinéfilo que se preze.


RASTROS DE ÓDIO

John Wayne chegou a dizer em entrevistas que Ethan Edwards
era seu personagem preferido dentre todos que interpretou
  Rodado em 1956, portanto 60 anos atrás, o filme Rastros de Ódio (The Searchers) dirigido pelo mestre John Ford e estrelado por John Wayne foi um grande sucesso embora obviamente tornou-se alvo de muitas críticas no mundo todo dado aos polêmicos argumentos de roteiro como por exemplo a célebre frase racista proferida pelo protagonista Ethan Edwards, o qual dizia que "índio bom é índio morto".
  Ethan, o veterano da Guerra Civil Americana interpretado por Wayne, expressa sem nenhum pudor seu ódio pelos índios e este mesmo sentimento parece ser sua principal motivação ao partir numa missão para resgatar suas duas sobrinhas cujos pais foram mortos por índios que as sequestraram para fins obscuros. Ethan aceita a ajuda de Martin (Jeffrey Hunter), um rapaz mestiço que o ajudará a rastrear os comanches que mataram o irmão e a cunhada de Ethan e raptaram as meninas.


O Bom, O Mau e o Feio

  Em 1966 estreava na Itália, Europa e Estados Unidos O Bom, O mau e o Feio (Il buono, il bruto, il cativo) considerado por muitos como a obra prima de Sergio Leone e que finaliza a chamada Trilogia dos dólares  iniciada em Por Um Punhado de Dólares (1964) e Por Uns Dólares a Mais (1965). O filme tornou Clint Eastwood astro do gênero além de trazer os talentos de Lee Van Cleef e Eli Wallach, atores que também tornaram-se míticos no cinema mundial.
  Com o nome alternativo Três Homens em Conflito, o filme de Leone ambienta-se em plena época da Guerra Civil Americana e como se pode notar essa guerra foi um tema recorrente em inúmeros filmes. Os três homens em questão em meio ao calor da guerra e várias reviravoltas fazem todo o possível, cada um a seu próprio modo para colocar as mãos em uma suposta fortuna de 200 mil dólares, algo que na época era mais do que suficiente para viver sem ter que trabalhar.
  Além de um retrato realista da violência que marcou o citado período, a obra de Leone tem seu foco principal em temas como traição e vingança, bem expressos na ambiguidade de seus personagens que não se mostram heróicos, algo que definiu o spaguetti western, gênero italiano.


DJANGO

  Também em 1966 surgia diretamente dos estúdios de cinema da Itália o mais icônico personagem de spaguetti western: Django, estrelado pelo jovem Franco Nero e dirigido por Sergio Corbucci que não por acaso teve exatamente a mesma idéia de Leone em Por Um Punhado Dólares: contar a história de um misterioso pistoleiro que pretende jogar duas quadrilhas num conflito a fim de se safar com carregamento de ouro. 
  E tal idéia é inspirada (ou plagiada) de Yojimbo (1961), obra de Kurosawa que se passa na época dos samurais. Django foi notavelmente produzido com pouquíssimos recursos e conquistou legiões de fãs em todo o mundo tornando-se um ícone de cultura pop. Afinal, como não gostar de um pistoleiro que se veste de negro, usa uma capa, e ao invés de cavalgar anda a pé arrastando um estranho caixão? Mais misterioso e original que isso impossível. Portanto, obrigatoriamente um dos melhores faroestes de todos os tempos.


KEOMA
  Em 1976 o astro Franco Nero estrelava outro sucesso do spaguetti western: Keoma, dirigido por Enzo Castellari e apresentando um elenco maior e produção mais refinada do que Django. Curiosamente o roteiro de Keoma é tem certas semelhanças com Django já que em sua premissa básica o herói salva uma mulher indefesa presa por malfeitores e passa a protegê-la desde então.
   Ao retornar para sua cidade natal, o mestiço meio índio meio branco chamado Keoma tem de enfrentar a tirania de um homem chamado capitão Caldwell e seu bando de pistoleiros que atemorizam a população local que além disso sofre com o perigo de uma peste infecciosa que paira sob a cidade. A produção conta com ótima trilha sonora e a direção hipnotizante de Castellari que neste filme compõe belas cenas de ação em câmera lenta impactantes e ao mesmo tempo dramáticas nesta modesta obra-prima do spaguetti western.


  O ÚLTIMO PISTOLEIRO


The Shootist é baseado no livro de Glendon Swarthout, escrito em 1975.
Curiosamente Wayne morreu em 1979, ou seja, cerca de 3 anos após o filme
  Também no mesmo ano de 1976 estreava nos Estados Unidos o filme que encerrava a carreira do maior mito de Hollywood, O Último Pistoleiro (The Shootist) trazia a última performance de John Wayne nas telas do cinema. O envelhecido ator interpreta neste filme um velho e cansado pistoleiro chamado J. B. Books, uma verdadeira lenda viva do oeste conhecido em todos os cantos por sua façanhas e por ter sobrevivido a inúmeros duelos e diversas batalhas ao longo de sua vida. Obviamente o personagem fazia um paralelo com a carreira do próprio ator, pois assim como pistoleiro do filme, Wayne portava câncer e assim como o ator fazia sua última atuação, o velho pistoleiro também preparava-se ao longo da trama para um último duelo que seria algo épico e digno de seu legado.
  Dirigido por Don Siegel, The Shootist infelizmente não foi um grande sucesso de bilheteria já que o gênero faroeste caminhava cada vez mais para um fim próximo e John Wayne já não surpreendia mais o público embora fosse uma lenda ainda viva do cinema com um extenso legado de mais de 200 filmes sendo 69 faroestes. Contudo, ao longo do tempo o filme tornou-se um renomado cult honrando dignamente a memória do maior mito do western de todos os tempos. (R.A.)





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